COMENTÁRIO
A acção situa-se num universo reconhecível, com o qual o leitor tenderá a identificar-se, pela presença da família, das suas rotinas e dos seus espaços. Os comportamentos das personagens também surgem tipificados, promovendo a identificação dos leitores, mas possibilitando, da mesma forma, uma oportunidade de distanciamento em relação à situação apresentada, permitindo a crítica…
Aliás, é também nesta perspectiva que entendemos a abertura que caracteriza a intriga, uma estratégia narrativa pouco convencional em textos destinados a um público tão pequeno. O final aberto incentiva claramente o diálogo com o adulto mediador do processo de leitura, que será confrontado com as possíveis dúvidas, interrogações e críticas da criança leitora. O comportamento dos pais é passado em revista e as cenas apresentadas são minuciosamente observadas, à procura de informação adicional. O livro, alvo de leituras distintas, interroga os leitores e condu-los a questionar o seu próprio comportamento, quer enquanto pais, quer enquanto filhos e pequenos “monstros”. | Ana Margarida Ramos |