Leitores medianos 
 
 
 
 
   
   
   
       
 
COMENTÁRIO
 

Original recriação da ópera de Sergei Prokofiev (1891-1953) Pedro e o Lobo (1936), a publicação de João Paulo Cotrim e João Fazenda, para além de narrar a forma corajosa e sagaz como Pedro consegue capturar (e depois proteger) um lobo atrevido, aprofunda consideravelmente o nível de leitura, desmontando a sua estrutura narrativa e integrando, como personagens insubmissas e irreverentes, os instrumentos musicais que servem de voz às personagens. Assim, a narrativa contempla uma considerável reflexão metaliterária, capaz de perceber e analisar os mecanismos de construção da ficcionalidade e o papel desempenhado pelo narrador/maestro na ligação de todos os fios da história, de todas as vozes das personagens e de todas as melodias dos instrumentos. É deste contacto com os bastidores da construção da narrativa que decorre o “secretismo” de que o título dá conta, conduzindo o leitor numa espécie de viagem guiada ao lugar secreto e mágica da criação literária, musical e artística. A dimensão sonora do texto é muito apelativa, também em resultado de um estilo apostado na dimensão auditiva em particular e sonora em geral, e motiva a audição da ópera, despertando a curiosidade sobre as sonoridades (mas também as formas e as cores) dos instrumentos referidos, mantendo-se fiel às intenções didácticas do seu autor original. O trabalho de ilustração de João Fazenda, aliado ao design gráfico da edição, muito cuidado, sugere mais do que afirma, acompanhando o desenrolar da intriga, destacando os cortes e pausas que vai sofrendo, e sublinhando a existência dos diferentes níveis diegéticos que estruturam a publicação, distinguindo-os através das cores e das formas. A opção pelo recorte acentua claramente os ângulos das formas utilizadas, criando desde a capa um impacto com claras repercussões na leitura e imprimindo uma marca muito pessoal ao texto. | Ana Margarida Ramos
   
 
   
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